domingo, 10 de junho de 2012

Anjinhos




Na vila onde eu morava era assim todo dia morria um anjinho...
Não havia água encanada nem luz elétrica, privada só de buraco.
Pouca comida, crianças com pé no chão e com lombrigas.
As senhoras mais velhas pediam que colhêssemos flores e um ramo chamado bambuzinho...
Para enfeitar o caixãozinho dos bebes que morriam.
Uma pobreza sem fim...
As brincadeiras eram subir em árvores, pegar caquinhos e fazer uma casinha.
Lembro-me de um menino que pegou um urubu amarou a perna dele na cerca e todos ficavam brincando com o dito cujo.
Uma amiga catava lixo...
Meu irmão caçava rãs e fritava pra gente comer
Minha mãe buscava água na mina
Meu pai apanhava lenha no mato pra cozinhar
 E eu menina de cinco anos sonhava em morar em cima de uma árvore
Um pé de amora, viver olhando os passarinhos e comendo amoras.
Cristina coelho

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