quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Carta Sertaneja

Caro amigo do interior,
Tô aqui na cidade grande trabalhando, comendo, mas não tô vivendo. O tempo passa quiném rojão, mal o dia amanhece e chegou a escuridão.
É tanta gente que corre, mais parece um batalhão.
Um batalhão de formiga trabalhando em troca de pão!
Amigo Nestor, daqui onde eu tô, num dá prá ver o rio não, com aquelas água limpa e cheirosa. Os peixe brilhando lá no fundo.
Daqui onde eu tô, num vejo passarinho nem flôr, não vejo árvore não sinhô!
Eu vejo é muita fumaça e fedô!
Tem muita confusão entre homi e muié .
Tem loja de roupa,sapato, comida, linha anzor e cobertô.
Tem tudo que um homi precisa prá leva vida de doutô!
Só o que falta aqui meu amigo, "é o Amor".
As pessoas não se olha, não se fala, "só boa tarde", "sim senhora", "não sinhor"!
As vez a gente  vê alguém conversano, mas é negócio, num é amor.
Passa o dia, passa as horas e a vida só pióra.
Num dá prazer! Deve ser por causa dos U.R.V.
Troca ministro, troca prefeito, deputado e senador, mas ainda farta é o AMOR!
Amor desses de bicho, de mato, de riacho, onde um respeita o outro.
 Não tem árvore quereno cumê comida de passarinho, nem tem passarinho quereno nadar no rio. É tudo cada um no seu lugar.
É amigo, aqui já decubriram muita coisa : rádio, tv, tem até um tar de computador!
Mas eu vou te contar uma coisa, eu acho que eles tão atrazados, porque não descobriram o que a vida tem de melhor "O AMOR"!


Cristina Coelho