Coroa de espinhos
Era uma dor constante, que limitava e abafava o sopro da
vida.
Foi dada, foi colocada como herança e ficou como lealdade a
um aprisionamento sem sentido. Era assim nessa santidade mal resolvida e
descabida que ela estava inserida.
Rainha da dor!
Por anos e anos a fio...um servir sem saber, um viver de
sofrimentos e lamentos.
Como se a coroa de espinhos fosse parte dela...
Porém, depois de tempos buscando entendimento por todo
aquele sofrimento, aconteceu a quebra do encantamento.
E num grande e poderoso movimento ela limpou...e limpou...
Teve guerra, fome, frio, peste, abandono, cegueira, aleijume
e desamor...e ela limpou...e limpou...
Foi Bruxa queimada, escrava acorrentada, freira
enclausurada, moça parida abandonada, benzedeira subjugada...mulher de rua
chamada....
Tantas memorias por ela herdada, da cultura, da sociedade e
da família amada.
E ela limpou...e limpou...e limpou...
A quebra do encantamento se deu!
A coroa de espinhos se desintegrou e o sopro da vida de novo
voltou!
Trouxe paz!
Trouxe luz!
E ela se conscientizou do seu valor...
Dos seus direitos que conquistou...
Se reuniu com outras mulheres e para ela avisou: “Nossa
coroa é de autonomia, respeito e amor. ”
Tina Coelho
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