domingo, 29 de abril de 2012

Tatá


Tatá, a abelha fofoqueira...
Vivi a zum, zum, zar...
É um leva e trás sem
Pressa de acabar.

Na colméia é conhecida por
Tanto atormentar, faz fofoca
Mexerico, intrigando sem parar.

Outro dia apareceu sem um pedaço da asa,
Tortinha a mancar. Foi o zangão Sebastião,
Deu lhe um safanão, por ela tanto fofocar!

Não emenda essa abelha, nem tem tempo,
Para trabalhar. Vive com a cabeça nas nuvens
A coitada da Tatá!

Cristina Coelho


quarta-feira, 25 de abril de 2012


Eu quero...

Eu quero é tocar o coração das pessoas
Molhar as plantas,
Acariciar meu cachorro.
Falar pra você dos meus valores
Joias de pura grandeza,
Validada por muitos amores.

Alegria, saudade, desejos, sentimentos...
Afetos caramelados com pensamentos
De amor ao outro, de amor ao mundo.
Eu quero é deitar na grama, me lambuzar de lama.
Vento soprando no rosto e um sorriso até o pescoço
Para ti fazer feliz!

Eu quero é tocar o coração das pessoas.
Cristina Coelho

O prazer


O prazer
O prazer não tem corpo
Não tem raça, nem credo.
Não se sabe se é casado, solteiro...
Viúvo ou desquitado... homem, mulher ou aliado...

Não tem gênero, no entanto,
 Já nasceu punido, Castigado,
 Assassinado e amordaçado.
Nem só de sexo vive esse coitado...

Quando por alguém há muito
 Foi condenado, que devia ser
 Tatuado, cravado, como
Coisa suja e pecado!

 Desfigurado o tal prazer
 Foi destinado...
A mofar nas sacristias
 E morrer encarcerado!

Cristina Coelho




A minha escrita


A minha escrita
Escrever me ressuscita!
Possibilita-me sair do fundo do poço,
Chupar a vida até o caroço!
Vivenciar experiências impossíveis na minha vidinha,
Através da escrita posso voar e levitar...
Vomitar a raiva, tristeza, alegria, a realeza.
Posso viver como princesa... num faz de conta sem fim!
Às vezes a escrita chega de madrugada na noite na calada,
Também aparece como um escarro, um parto, difícil e dolorido, mas precisa sair,
Depois da avalanche de emoções vem à realização de mais um texto parir!

Cristina Coelho

Conexão
Existe um caminho
Um lugar...
Basta aquietar a minha
Mente e acessar.
É bem lá no fundo...
Existe uma luz
Onde dorme a minha centelha
Divina, ansiosa por despertar.
Um clic... Com o mouse do coração
 e ela começa a brilhar.
Tem cheiro de capim fresco
Som de pássaros...
Textura e frescor de água.
Com sentimentos de paz
E agradecimento, é assim,
Que volto de lá.
Fortalecida, amparada para a minha vida...
Experimentar!
Cristina Coelho

Dor


Dor
A dor que me toma não é sua
E nem vem da rua...
Ela me pertence é como um órgão,
Um rim, um fígado, um pedaço de mim.

Começa apresentando uma angustia leve
E pontiaguda, depois cresce.
Empalidece, rasga e dói.

Sinto e reflito de onde vem essa dor?
Qual o motivo meu senhor?
Busco... repuxo e concluo...
Como dói essa dor!
Cristina Coelho

Aparando linhas
Há tempos iniciei um bordado...
Era pra ser lindo, com pedrarias, todo rebuscado.
No entanto foram aparecendo tantos pontos errados
Tantas linhas cruzadas... pontos soltos, frouxos, escapados.

Resolvi, vou desmanchar, só vou aproveitar alguns pedaços.
Aqueles onde a linha é firme e tem um arremate.
E também, vou preservar aqueles que já têm um começo...
Uma história e acaba formando um desenho um contorno.

Aparei as linhas, apertei o ponto, terminei com um laço.
Está bonito, sem pedrarias e nada rebuscado.
Ainda falta muito, mas estou com coragem vou prosseguir...
Aparando linhas, apertando os pontos e caprichando no arremate.
Cristina Coelho

Quem é...


Quem é...
Quem é a pessoa que me põe de castigo?
Quem é a pessoa que elege um rei para me governar, ordenar...
 E meus desejos domar?
Quem é a pessoa que diz para mim que não mereço
Que o pecado é meu carma!
Que sou santinha, coitadinha, pequenininha.

Sou eu que me perco neste estranho prazer...
 De me castigar,
A não poder e a muito menos merecer.
Sou eu que me bato que me tiro um naco, que me faço sofrer.
Sou eu que me ponho de castigo enquanto os outros estão a dormir!
Sou eu a pessoa que não gosta de mim!
Cristina Coelho

domingo, 22 de abril de 2012

Terra


Terra
Quando a toco posso sentir
 Seu gosto, seu cheiro.
Já amassei seu barro,
Separei seus pedregulhos
Lambuzei-me de lama...
 Pelas minhas entranhas escorre
Sua gosma trazendo a vida...
 Entra terra em mim!
Cristina Coelho