A história era minha, minha vida, minha caminhada...
Era para ser revisitada e para isso fui convidada, pela moça
de pés no chão e olhos de onça.
E assim no chão deitada, com o corpo doido pelo peso do
tempo...um tempo de fardos e de submissão.
A moça de olhos de onça tocava o tambor e chamava por minha
alma perdida...esquecida, submetida.
O som do tambor foi me levando pelo vale de lágrimas das
dores e da rejeição...fui descendo na dor e no choro do desamor, até que
cheguei na mata.
Sentindo de longe a
fala da moça fui deitando na terra, e como um sorvete fui derretendo, minha carne,
meu sangue e meus ossos para o fundo da terra foi caminhando.
Foi quando me vi terra!
Sentindo só o pulsar do tambor e as batidas do meu coração,
pude sentir outro coração...
O coração da terra!
E assim num ritmo cadenciado o meu coração e o coração da
terra, foram batendo juntinhos, num único som.
E a voz da moça com olhos de onça ficou igual voz de
passarinho...piando fininho.
Eu me desintegrei... dei a carne, o sangue e os ossos para
minha mãe terra.
Foi uma benção, foi libertação entregar para ela o que é dela!
E firmei compromisso...
Vou ter um pedaço dela, terra querida, para descansar os
meus ossos...E dividir com as onças!
Tina coelho
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